O Antigo Paço da Torre
Ex-libris do centro histórico viseense
Perdeu-se na neblina dos séculos o ano em que esta Torre se ergueu na antiga rua da Cadeia e à vontade de quem.
O Ducado, um dos dois primeiros em Portugal, foi criado em 1415 por D. João I e entregue ao já então senhor de Viseu, o Infante D. Henrique. Não é difícil de imaginar que era aqui que pernoitava o Infante Navegador quando os afazeres do Ducado o traziam às Beiras, talvez aqui recebesse os seus convidados e desfrutasse do seu tempo livre.
A morte do Duque de Viseu, em 1460, transferiu a posse da Torre para o Cabido da Sé que, de modo a criar receita, prontamente a emprazou a uma das mais ilustres famílias na cidade, os Gomes de Abreu. Como todos os edifícios centenários, a Torre Medieval transformou-se e adaptou-se as diferentes necessidades e gostos que a mudança de tempos, e de proprietários, não falham em trazer.
É resultado de um desses ímpetos de atualização a belíssima janela manuelina brasonada, uma afirmação de estatuto social dos novos proprietários. A pedra de armas revela o brasão da família Gomes de Abreu, à qual pertencia o encomendante das obras, Pêro Gomes de Abreu, filho do antigo Bispo de Viseu e cónego na Sé. Terá sido a partir desta pedra de armas que se desenvolveu a tradição popular que aqui nasceu o rei D. Duarte, o herdeiro do Trono de Portugal, o terceiro filho dos Reis de Portugal, D. João I e D. Filipa de Lencastre.
As cruzes do brasão terão sido interpretadas, erroneamente, como sendo a Cruz de Avis, símbolo associado ao rei D. João I, Mestre de Avis. Por isso, ter-se-á acreditado que seria aqui a Casa do Almoxarifado de Viseu em que D. Duarte nascera e assim ficou na História.
Alojamento Local
A Torre Medieval
Ninguém sabe se foi mesmo aqui que nasceu, a 31 de Outubro de 1391, o rei D. Duarte, mas é tão mais romântico pensar que sim. O mesmo terão pensado aqueles que, em 1911, classificaram a Torre Medieval como Monumento Nacional, reconhecendo o seu excecional valor histórico- artístico para a cidade de Viseu e para Portugal.
O Eloquente
El-Rei D. Duarte I
Apelidado de “O Eloquente” e “Rei- Filósofo”, foi o décimo primeiro rei de Portugal, o segundo da Dinastia de Avis.
Nasceu em Viseu a 31 de outubro de 1391 e faleceu em Tomar a 9 de setembro de 1438. Filho do rei D. João I e Rainha D. Filipa de Lencastre, por morte do seu irmão mais velho, Afonso, torna-se o herdeiro da Coroa Portuguesa.
D. Duarte recebeu o seu nome em homenagem ao avô de sua mãe, o rei Eduardo III da Inglaterra. Desde muito jovem, D. Duarte acompanhou o seu pai nos assuntos do reino, sendo, portanto, um herdeiro preparado para reinar; em 1412 foi formalmente associado à governação pelo pai, tendo os assuntos da justiça e das finanças.
Era um homem culto, com amor às letras, possuidor de uma rica biblioteca e com amplo conhecimento dos autores clássicos e dos doutores da Igreja, como o prova a sua obra “O Leal Conselheiro”. Compôs também “A Arte de Bem Cavalgar Toda a Sela.”
A nível interno, D. Duarte mandou proceder à compilação de toda a legislação do reino, que só estará concluída no reinado de D. Afonso V, daí ter o nome de Ordenações Afonsinas.
D. Duarte deu continuidade à política de incentivo, quer à exploração marítima, quer às conquistas em África.
Fora da esfera política, D. Duarte foi um homem interessado em cultura e conhecimento, tendo escrito livros de poesia e prosa.